A Peste Suína Africana (PSA) é uma doença provocada por vírus, não sendo transmissível ao homem, mas capaz dizimar plantéis de suínos devido a sua capacidade altamente infecciosa, exigindo assim, o sacrifício imediato dos animais, conforme determina a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
Em 2018 estamos enfrentando focos dessa enfermidade na Europa Oriental, Ásia, África, Rússia e Japão. O primeiro caso surgiu na Bélgica no dia 9 de setembro, quando o vírus foi registrado em javalis mortos. Foram notificados à OIE 947 focos de enfermidade envolvendo 906 suínos domésticos e 41 javalis.
A detecção tardia acidental em javalis comprovou a circulação viral endêmica do agente etiológico nos suídeos selvagens da União Europeia, mantendo o vírus vivo na natureza. Tal situação caracteriza eminente risco epidemiológico visto não existir vacina para a Peste Suína Africana e o agente etiológico da enfermidade ser altamente resistente, permanecendo nas fezes dos animais por até três meses e em alimentos (produtos cárneos maturados) até nove meses.
No Brasil, o vírus da PSA foi erradicado e em 5 de dezembro de 1984 recebeu o reconhecimento internacional de área livre da doença. Entretanto, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), registra-se a ocorrência de outra importante enfermidade dos suídeos, a Peste Suína Clássica (PSC) ou Cólera Suína, uma doença viral contagiosa que afeta suínos domésticos e selvagens, mas não apresenta risco à saúde humana e para outras espécies animais.
Em Outubro de 2018, o mais recente foco de PSC foi identificado em uma propriedade familiar no município de Forquilha, na região norte do Ceará, acometendo 130 suínos. Toda a área foi isolada e permanecerá sob vigilância do Serviço Veterinário Oficial por 6 meses (até março/2019). Ainda de acordo com o MAPA, estão sendo adotados os procedimentos para eliminação do foco, com sacrifício e destruição de todos os suínos e investigação epidemiológica para as propriedades situadas no raio de 10 km em torno do foco e em todas as propriedades que possuiam algum vínculo epidemiológico.
Os sinais clínicos iniciais da Peste Suína Clássica (PSC) incluem desde febre alta (41ºC), amontoamento dos animais, conjuntivite, manchas avermelhadas na pele, cianose (coloração azulada) no abdômen, na face interna dos membros e nas extremidades como orelhas. São observados ainda sinais nervosos com ranger de dentes e dificuldade de locomoção.
No Maranhão, no sentido de manter a suinocultura livre da PSC, a AGED, através de seus técnicos, está reforçando a vigilância em propriedades de maior risco (criações de suínos, javalis e suas cruzas – javaporco), vigilância em barreiras fixas, portos e pontões, lixões, estradas vicinais e transportadores das espécies suscetíveis para evitar a entrada e/ou a movimentação de suídeos suspeitos de doenças ou oriundos principalmente do estado do Ceará.
Os técnicos da AGED estão orientando os produtores sobre a proibição de uso de restos de alimentação humana (lavagem) para suínos. Esse material sem o tratamento específico, constitui risco para reintrodução e disseminação de enfermidades exóticas no país, por essa razão a Instrução Normativa nº 06/2004 do MAPA, que aprova as normas para a erradicação da Peste Suína Clássica (PSC) em todo o território nacional, proíbe, em seu artigo 23, a permanência de suínos em lixões, bem como a utilização de restos de comida para alimentação dos animais.
Aos produtores recomenda-se evitar o contato com javalis e suas cruzas (javaporco), doentes ou encontrados mortos, pois representam um importante fator na disseminação da doença. Nesse sentido, se faz importante salientar que o javali não faz parte da fauna brasileira, merecendo, nesse caso, comunicar a AGED sobre a existência de criações sob cuidado do homem e/ou a presença de javalis extensivamente, em sua região.
Para isso, contamos com toda a população e principalmente aos criadores, sejam comerciais ou não, em comunicar qualquer ocorrência de mortalidade anormal em suínos ao escritório da AGED mais próximo, visto que a PSC representa uma grave ameaça à suinocultura brasileira.
Lauro de Queiroz Saraiva
Médico Veterinário – CRMV/MA 0610
Fiscal Estadual Agropecuário – AGED/MA
Programa Estadual de Sanidade dos Suídeos-PESS/MA